“Fui mãe aos 38 anos. Fiz o que muitas mães ditas “modernas” fizeram antes de engravidar: esperar pelo momento certo, pelo parceiro certo, pela oportunidade profissional certa, pela condição económica certa e tantas outras razões, que nada se revelaram serem as certas.
Para além de umas decisões menos acertadas no passado, acredito que tudo começou no dia que decidi trabalhar até ao penúltimo dia da cesariana (clinicamente não seria possível parto normal). Apesar de vários avisos, de amigos e familiares, para descansar antes do bebé nascer, quis ficar no posto de trabalho. As razões são as óbvias, que tantas mulheres sofrem: da pressão de terem de trabalhar sem questionar o seu estado de saúde e mental.
O parto correu bem, no entanto os problemas surgiram quando o bebé não começou a ganhar peso e sempre que ia fazer as visitas obrigatórias, o diagnóstico era sempre o mesmo: muito abaixo do percentil.
Apesar de ter produzido muito leite materno, a minha filha não tinha qualquer interesse em mamar. Sob pressão das enfermeiras e restantes envolventes, comecei a tirar o leite materno com as bombas para o devido efeito. O que resultou de um desgaste desmedido: não comia, não fazia a minha higiene com regularidade, não convivia, não atendia os telefonemas, não saia de casa, etc., etc.
Associado a isto, naturalmente, surgiram os problemas de relacionamento com o pai da minha filha. Acredito, hoje, que estava à beira de um esgotamento e que o meu parceiro, infelizmente, não soube lidar com a situação, o que o levou a entrar em espiral. De num homem afável, compreensivo, para um homem isolado e agressivo.
Quinze dias depois da minha filha completar 1 ano de idade, saí de casa e oficializei a separação. Emagreci 5kg numa semana, fiquei como se costuma dizer um “caco”.
Após uma semana comecei a sentir algum alívio por sair de um ambiente que considerava inseguro para ambas (eu e a minha filha). Com o passar dos meses, o meu estado emocional foi piorando, estava num desequilíbrio emocional total. Os únicos sentimentos que se prendiam eram: a mágoa, o desgosto, o rancor e a dor. Sentia-me injustiçada pela sociedade, pelo pai da minha filha, e apesar de rodeada de amigos e família, sentia-me sozinha, mesmo sendo mãe de uma filha fantástica e muito faladora.
O estado emocional tornou-se evidente, e a minha irmã mais velha preocupada aconselhou-me a ir visitar um médico: “mana não é medicina tradicional, acredita que vai ajudar-te.” Não sendo crente de antidepressivos e da medicina tradicional ou qualquer outra medicina, acabei por ceder e aceitei fazer a minha primeira consulta.
Fico emocionada ao escrever isto: o Dr. Salvatore salvou-me!
O meu estado emocional era de tal forma que o Dr. nem me deixou sair mais do consultório, fez o que achou devido para aquele dia (não tem por norma serem tantas horas seguidas). No dia a seguir à consulta, sentia-me diferente, mais tranquila e em 2 consultas, nitidamente a Andreia tinha recuperado. Atrevo-me a dizer que após o falecimento da minha querida mãe que não me sentia tão cheia de força, mais criativa e equilibrada.
Acredito, mais agora do que em outros momentos menos positivos da minha vida, que o meu estado emocional tem repercussões a todos os níveis. Neste momento eu e o pai da minha filha estamos a conseguir manter um relacionamento saudável: as boas energias conseguem contaminar quem te rodeia. Digo muitas vezes à minha irmã quando falamos sobre o Dr Salvatore: ele salvou-me! “